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SAÚDE III. Violência Familiar
Publicado em 27.05.06
Saúde, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é, além da ausência de doença, a sensação de bem-estar físico, mental e social. A Holosofia acrescenta… e espiritual.
Dentro deste contexto, o ambiente familiar parece ser o primeiro a se ressentir da ausência de saúde, mesmo que isto venha ocorrer em um único dos seus membros. Naturalmente, a vida moderna pouco permite identificarem-se com facilidade os primeiros sintomas e, na maioria das vezes, a consumação dos fatos resulta no ponto inequívoco de reconhecimento de que as coisas já não vinham bem.
Não raro ficamos sabendo de histórias de violência física entre casais, assim como de espancamentos direcionados à criança, quase sempre com evidentes desproporções entre as ações e as reações.
Uma análise superficial tende a concluir por uma postura simplista de crítica ao agressor sem, contudo, considerar a sua história pregressa no aspecto comportamental.
As dificuldades de realização dos sonhos e do cumprimento das responsabilidades profissionais e familiares terminam provocando um relativo distanciamento entre o casal que, inevitavelmente, atingirá a relação familiar como um todo.
Pela sutileza do processo, em fase inicial, as coisas parecem sinalizar para uma situação de desgaste naturalmente provocado pela rotina, mas na verdade verifica-se aí o primeiro momento de uma violência pessoal – de um dos cônjuges – com reflexo familiar.
Este estágio de distanciamento evolui para o de indiferença.. o de constrangimento… até chegar à violência física ou psicológica entre ambos.
Diante desta realidade, os filhos ficam à deriva, sofrendo da síndrome do conflito interior, quase sempre somatizada, portanto, traduzida em manifestações de doenças físicas evidentes ou mesmo em modificações comportamentais observáveis.
Eis aí o momento de grande vulnerabilidade do filho ao ingresso no mundo da prostituição e das drogas!
Obviamente, não se justifica nem se deve aceitar qualquer modalidade de violência, especialmente no âmbito familiar, entretanto, convém salientar o quanto seria interessante a família destinar alguns momentos diários ou semanais para avaliar a condição individual dos seus membros, no que diz respeito ao grau de satisfação pessoal e, consequentemente, a sensação de bem-estar físico, mental, social e espiritual de cada um.
Assim, percebe-se que a saúde se revela como o mais importante patrimônio familiar e valioso divisor de águas, boas e más.
Finalmente, a família saudável é aquela que está atenta às filigranas, às ocorrências do dia-a-dia, cultivando o amor e desfrutando da presença de Deus no coração de todos.
Sebastião Saraiva
Médico e Holósofo