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SAÚDE II. Violência Social
Publicado em 20.05.06
Saúde, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é, além da ausência de doença, a sensação de bem-estar físico, mental e social. A Holosofia acrescenta… e espiritual.
O Dia das Mães deste ano foi alvo de manifestações violentas por parte da população carcerária das principais cidades brasileiras. Houve pancadarias, depredações e assassinatos, morrendo policiais e marginais e deixando a sociedade num estado de pânico.
Como não poderia deixar de ser, os órgãos de comunicação, em especial a televisão, se encarregaram da montagem do “palco” e da apresentação do “espetáculo”, pois para estes a pontuação do ibope está além da tranqüilidade social.
Por outro lado, as autoridades ficaram atordoadas diante da impossibilidade de evitar a comprovação da falência da retrógrada filosofia punitiva aos meliantes. Pitágoras (570 a.C) dizia: mais vale construir escolas do que presídios.
O quadro acima denota, antes de tudo, o quanto está comprometido o estado de saúde da sociedade como um todo, dentro daquilo que preceitua a OMS. Façamos, pois, uma breve análise:
Primeiro, a delinqüência só é possível diante da ausência da sensação de bem-estar físico, mental ou social, por conseguinte, na ausência de saúde.
Segundo, grande parte da população carcerária brasileira é constituída por antigos menores egressos das FEBEMs.
Terceiro, por questões conjunturais e estruturais as FEBEMs, que têm a função precípua de atender a sua clientela na direção da re-socialização, terminam se transformando em Centro de Aperfeiçoamento em Conduta Anti-social, pois dali a maioria sai com significativas e novas experiências para a prática de ações delituosas.
Quinto, a razão pela qual as crianças abandonam seus lares e passam a perambular pelas ruas é multifatorial, incluindo, inicialmente, algum grau de desequilíbrio mental e/ou social de seus pais, o que se constitui num problema de saúde, de saúde pública.
Sexto, os pais desses menores geralmente são menores também, por isso, sem condições físicas, psicológicas, emocionais e profissionais para assumir, de forma satisfatória, a condição paterna/materna. Este contexto impede os indivíduos (pais e filhos) de desfrutarem da sensação de bem-estar físico, mental e social, ou seja de gozarem saúde.
Sétimo, os poderes constituídos (executivo, legislativo e judiciário) contam com pessoas comprometidas na sua sensação de bem-estar físico, mental e social, por isso deixam de implementar uma política efetiva de saúde, uma vez que lhes falta a saúde também. Certamente, também por isso, não raro estão envolvidos em atividades de enriquecimento fácil.
Oitavo, a mídia congrega no seu quadro significativa parcela de pessoas com ausência da sensação de bem-estar físico, mental e social, por isso, quase sempre se aproveita da falta de saúde dos demais para manifestar, inconscientemente, o seu estado de não-saúde.
Esta é uma abordagem imparcial e holística, garantida por quem, além da ausência de doença, desfruta da sensação de bem-estar físico, mental, social e espiritual.
Assim, reafirmamos que a violência é originária do íntimo de cada pessoa, indubitavelmente sem saúde. Sem saúde. Este é o ponto!
Ninguém, equilibrado física, mental, social e espiritualmente, será capaz de cometer qualquer modalidade de violência. Por outro lada, a manipulação de massa parece estabelecer um estado de miopia mental mundial, deixando as pessoas sem saúde, vazias de esperança e de amor.
Sebastião Saraiva
Médico e Holósofo