SOBRE O FUNDADOR

O Holósofo

          Pelas experiências e observações ao longo da vida, tudo leva a crer que os caminhos a serem seguidos parecem previamente traçados. Talvez haja alguma possibilidade do seu pleno cumprimento ou não, havendo desvios ou atalhos ou até interrupções. Fato é que, muitas circunstâncias são pouco explicáveis, quando consideradas em um determinado contexto. A isso, pode-se dar o nome de Destino. 

            Destino é um tema que tem fascinado o homem desde a antiguidade. Na miologia grega, as Moiras[1] (ou Parcas ou Fiandeiras) eram três irmãs que determinavam o destino dos deuses e dos homens. A elas é atribuído o papel de fabricar, tecer e cortar o fio da vida das pessoas. Para isso, a Roda da Fortuna é o tear utilizado para tecer os fios. O girar da roda faz com que o fio se movimente para cima e para baixo, explicando-se, assim, os momentos de boa e má sorte de cada um. As Moiras criaram Têmis (filha de Urano, o Céu, e Gaia, a Terra; deusa da justiça, da lei e da ordem e protetora dos oprimidos; e a segunda esposa de Zeus e sua conselheira), Nêmesis[2] (personifica a distribuição da justiça, o equilíbrio e a vingança divina) e as Erínias (personificações da vingança, punindo os homens por atos de arrogância, ganância e desmesura).

            O Destino, também, está presente nas filosofias, como ordem necessária do mundo. Na filosofia estoica, Crispo, Posidônio e Zenão reconhecem o Destino como a razão pela qual o mundo é dirigido; Plotino diz que a providência é única: nas coisas inferiores chama-se Destino, e nas superiores, providência. O italiano Boécio (480-524), um dos fundadores da filosofia cristã do Ocidente, compartilha desse conceito, na obra “A Consolação da Filosofia”. No Romantismo, Schopenhauer e Hegel concordam com a concepção do Destino. Mas, nesse período, a palavra, que exprime uma necessidade subjetiva, passa a ser substituída por determinismo, causalidade, dialética, para expressar uma necessidade objetiva. Com Nietzsche e no existencialismo alemão, o Destino é ressignificado, exprimindo a aceitação e a volição da necessidade, o amor fati (“amor ao destino” ou “amor ao fado”). Para Jaspers, o Destino é a identidade do homem com sua situação. Por fim, o filósofo italiano do sec. XX, Nicola Abbagnano, defende que o Destino é a “Ação necessitante que a ordem do mundo exerce sobre cada um de seus seres singulares”, o que implica: necessidade, quase sempre desconhecida (cega), que domina cada indivíduo enquanto parte da ordem total; adaptação perfeita de cada indivíduo ao seu lugar, ao seu papel no mundo, como engrenagem da ordem total.

            Pois bem, no fim do primeiro semestre de 1993, no décimo ano de gestão à frente do Hospital Infantil Sebastião Saraiva, o pediatra, apesar de assoberbado com responsabilidades profissionais e familiares, opta por aceitar o convite de uma amiga para um workshop de meditação, com duração de 16 horas, distribuídas em dois dias. Ao final do evento, o médico chega ao giver do evento, o Ashara (seu Sannyas name), e o indaga sobre os vários aspectos do workshop, inclusive a origem do conteúdo do mesmo e a sua dinâmica. Ao término da conversa, ambos combinam um próximo encontro, no início de 1994, na cidade de Poona, na Índia.

            Ao chegar em casa, o empresário informa à esposa sobre a sua decisão, causando-lhe surpresa e admiração, uma vez que a sua dedicação à Pediatria e ao hospital, até então, não teria lhe permitido ausentar-se do trabalho, exceto em momentos ocasionais aos fins-de-semana. E agora ele estava disposto a ficar 6 meses ausentes, e em outro país.

Os trabalhos de transmissão da administração do hospital para a esposa logo foram iniciados e as passagens adquiridas. Ao final do ano, tudo estava conforme o planejado.

          Em 16 de janeiro de 1994, o meditador em potencial desloca-se de São Luís para o Rio de Janeiro, onde fica por dois dias para curtir os familiares. Em 18 de janeiro (por coincidência, é o aniversário da mãe de Sebastião, in memoriam), às 19h05min, ele já está a bordo de um avião da British Airways, e ouvindo as primeiras instruções, precedidas da informação da presença de três aeromoças brasileiras – Patrícia, Kátia e Débora – entre a tripulação. O voo é direto de Santos Dumont a Bombay, com escala em Londres, onde aterrissa às 07h10min. Considerando o demorado tempo em solo, ele aproveita para passear de metrô – que passa dentro do aeroporto de Heathrow – e fazer algumas comprinhas no centro da cidade, o que parece uma tentação irresistível; mesmo por que a retomada da viagem está prevista para às 21h55min. Mas, de fato, a avião só vem a decolar às 22h30min.

20 de janeiro (dia de São Sebastião), às 07:00min, a aeronave pousa em Bombay. Nada mais interessante do que explorar um pouco a cidade, antes de fretar um táxi e percorrer 177 km de boa rodovia até Poona, no Koregaon Park, Osho Multiversity, o seu destino final. A chegada a Poona ocorre no momento em que o relógio marca 23h59min. Uma chegada recheada de expectativas dentre as quais a esperada receptividade do amigo Ashara, um sannyasin cearense frequentador da Osho Commune. Esta foi fundada por Rajneesh Chandra Mohan Jain, conhecido como Osho ou Bhagwan Shree Rajneesh. (11/12/1931 † 19/01/1990 – 58 anos e 38 dias). Atualmente, a Osho Commune é chamada Osho Ashram ou Osho International Meditation Resort,

O Osho recebera a iluminação espiritual em 1953, aos 21 anos de idade; formara-se mestre em Filosofia em 1957, pela Universidade de Sagar; e fora professor de Filosofia na Universidade de Jabalpur. Nessa época percorrera toda a Índia, com o nome de Acharya Rajneesh, comunicando as suas concepções de espiritualidade, progresso e sociedade, criticando o socialismo e exaltando o capitalismo, e mostrando a perfeita conciliação entre o Ser e o Ter.

O primeiro momento de Sebastião Saraiva à Osho Multiversity ocorre no dia 21 de janeiro de 1994. O amigo Ashara já confirma a sua matrícula no Curso de Psicoterapia, denominado Breath Training, a ter início no dia seguinte.

Convém salientar que, para adentrar à comunidade, a pessoa é submetida a uma bateria de exames laboratoriais, inclusive para HIV, no laboratório da própria instituição.  Com o check up normal, a pessoa passa a ser considerada membro da Osho Commune, com a opção de solicitar ou não o seu Sannyas name.  Sebastião Saraiva opta pela solicitação e, em 29 de janeiro de 1994, numa solenidade com ar de sagrado, juntamente com uma dezena de colegas, ele recebe o novo nome: Swami Satyam Maitreya.  O local da cerimônia é aconchegante, todos (mestres e discípulos) sentados sobre um enorme e lindo tapete estendido no chão, e músicas litúrgicas indianas em ritmo emocionante, com pausas para a entrega individual do Sannyas name. Este vem em forma de certificado com o Sannyas name em Sânscrito – Swami Satyam Maitreya – e, no verso, a tradução em inglês – Swami; truth; one who is a friend to all. Traduzindo para o Português: Mestre verdadeiro amigo de todos. O curioso é que o sannyas name corresponde a alguma das características da personalidade do novo Sannyassin. E mais, a pessoa é recém-chegada, portanto, completamente desconhecida e, quase sempre, de outro país. O final da cerimônia é marcado por abundantes pétalas de rosas vermelhas, caídas do teto sobre os presentes, deixando todos em êxtase. Uma linda, rica e inesquecível experiência!

O dia da “iluminação” do Sannyasin Swami Satyam Maitreya rumo ao Holósofo.

              Ásia Meridional, Índia, no estado de Maharashtra, na cidade Poona, na Osho Multiversity, no dia 11 de março de 1994 (6ª feira), em torno das seis horas da manhã, ao término da meditação – Dynamic Meditation –, saindo do Buddha Hall e adentrando a uma praça rodeada de bambus e povoada por pequenos pássaros, o recém-egresso de uma experiência renovadora, escolhe sentar-se em um dos bancos ali distribuídos e, de forma introspectiva, permanecer de olhos fechados, em estado meditativo.

            Esse sentar-se com os olhos fechados, a meditar, faculta a percepção consciente de uma onda bioenergética a se propagar suave e progressivamente pelo corpo, produzindo a sublime sensação de paz interior e de plena conexão com o Universo. E isso não é místico, é ciência, por evidência.

            É nesse clima quase sobrenatural, com harmonia biopsicoespiritual que, de forma intuitiva, brota o insight[1]:

A História da Humanidade registra movimentos de guerra em todos os momentos evolutivos das sociedades no mundo inteiro. Se tem sido possível formar batalhões destrutivos, baseados no egoísmo e no ódio, talvez seja possível, também, e mais razoável e humano, compor legiões construtivas, respaldadas no altruísmo e no amor.

Logo, o insight torna-se uma ideia e, como tal, pede um nome. Então, o prefixo grego holos (inteiro, pleno, completo) é associado à palavra sophia (sabedoria), formando o vocábulo Holosofia.  

A compreensão sobre algo é facilitada a partir do conhecimento do seu conceito. Desse modo,   depois do insight e da formação da palavra, vem o terceiro passo: conceituar a Holosofia.

 Holosofia[2] é a ciência/arte cujos princípios proporcionam uma vida ético-existencial plena, mediante a expansão da consciência pela meditação.

            Esses são os três momentos próprios da Holosofigênese.

Os propósitos da Holosofia são expressos através dos seus princípios, os quais estão elencados no capítulo da Holosofigênese.

Vejamos, pois, o significado das palavras contidas no conceito da Holosofia.

Ciência. É o estudo sistematizado, técnico, metodizado e com objetivo certo e princípios determinados[3].

A Holosofia Ciência se constitui numa proposta de vida; uma nova forma de vida; uma vida pautada por princípios a serem vividos na prática diária, mediante a vontade e a determinação consciente do indivíduo desejoso em se tornar plenamente saudável – física, mental, social, intelectual, econômico-social, emocional e espiritual –, bom e um agente do bem. A esse estado de saúde plena, aqui é denominado “saudena”, e implica na maior produção de dopamina, serotonina, ocitocina e endorfina, hormônios que proporcionam a sensação de prazer, a serenidade, a paz interior e a felicidade. E isso é Ciência.

Arte, é o conjunto de regras para bem fazer uma coisa, segundo Aurélio Buarque.

 
 A Holosofia Arte se constitui num conjunto de regras e princípios através dos quais o indivíduo se realiza e a sociedade se beneficia, dentro de um contexto ético pleno, compreendendo a pluralidade das relações – interpessoais e do homem com o ecossistema e demais maravilhas universais – na busca da autêntica fraternidade e da felicidade.

Princípios, segundo Aurélio Buarque, são os elementos predominantes na constituição de um corpo orgânico.

Os princípios holosóficos são as diretrizes que conduzem o indivíduo à essência da Holosofia, permitindo o estabelecimento de parâmetros comportamentais em direção à realização humana almejada.

Vida ético-existencial plena, é uma condição cuja compreensão das sutilezas da natureza humana e do próprio Universo faculta a harmonia do ser em sua totalidade, levando-o a praticar o bem, por pensamentos, palavras e obras, e sendo a medida de si próprio. E essa compreensão significa reconhecer e assimilar os fatos e fenômenos com a mesma naturalidade com que esses naturalmente acontecem, resultando num viver com equilíbrio entre corpo, mente e espírito.

Expansão da consciência, é um processo de iluminação do escuro mundo da percepção, facultando o “testemunhar’ da existência de si como parte imanente do Todo. A consciência é um atributo próprio da espécie humana, a qual lhe permite reconhecer a realidade de si e do mundo. E, dependendo de múltiplos fatores, o desenvolvimento dessa consciência pode ser prejudicado, predispondo o indivíduo a preferir o (des)conforto da escuridão a aderir ao fenômeno da iluminação.

Meditação, é o exercício através do qual o relaxamento neuromuscular voluntário e o foco na respiração permitem o esvaziamento mental de pensamentos acumulados, favorecendo a leveza da integração corpo-mente-espírito e a expansão da consciência, da alma.

A meditação, palavra originária do mesmo radical do vocábulo medicina, sinaliza para um contexto terapêutico pleno, colocando o indivíduo na condição de harmonia interior e de conexão do Eu com o Todo e, assim, o despertando para os autênticos valores de uma breve existência diante de um Universo perene e enigmático.

Entrevista

Isso posto, vem uma entrevista com o Maitreya, que pode parecer interessante enquanto reforçadora daquilo que vimos acima. A ideia é retomar alguns pontos e consolidar a compreensão dos mesmos. Para tanto, ao entrevistador dar-se-á o nome de Well.

– Well: Maitreya, no início da sua trajetória de vida em direção à Holosofia, vê-se a palavra Destino. No seu olhar holosófico como você explica o Destino?

– Maitreya: Ao vocábulo Destino, quase sempre lhe é dada a conotação mística, mas, na verdade, as pessoas adultas, mesmo com menor grau de atenção aos fatos do cotidiano, são capazes de confirmar experiências vividas ou ouvidas, de situações com resultados inexplicáveis, à luz da ciência ou da lógica. E essas situações, com tais resultados, nos remete ao Destino. Não importa a causa ou a razão como a situação ocorreu, mas o seu resultado final. Quem já não viu ou ouviu falar de uma pessoa pobre, materialmente, que ficou rica, e de outra, rica, que empobreceu; um acidente terrestre, marítimo ou aéreo, com várias mortes, e alguém que escapa; e mais, a pessoa que vive numa filosofia de vida e, em determinado momento, abraça outra completamente oposta, ou quando não, busca conciliar os dois modos de vida?

– Well: As pessoas normalmente compreendem e aceitam o mau destino?

– Maitreya: Felizmente, a maioria compreende e, de certa forma, aceita o mau destino; e parece que essa compreensão e aceitação já fazem parte do próprio destino. Por outro lado, aquele que está pouco conectado ou mesmo desconectado com o Universo (Natureza ou Deus), diante do mau destino, pode chegar ao desespero maior que, também, soa como o próprio destino, e tenta contra a vida. Muitos vão a óbito, mas alguns escapam. Eis, o real destino! Aqui, ocorre-me o que diz o filósofo Sêneca ((4 a.C a 65 d.C), nascido em Córdova, província ao sul da Espanha: “O destino conduz o que consente, e arrasta o que resiste”.

– Well: Nessa sua caminhada de profissional médico e ainda envolvido com os afazeres próprios do empresário, portanto, com exigência de dedicação e muito trabalho e, de repente, deparar-se com uma situação capaz de lhe tirar da rotina. Isso é destino?

– Maitreya: Um ótimo destino. Aliás, eu sempre estive conciliando as minhas atividades profissionais com a minha “busca”. Eu sempre fui um buscador. Essa decisão foi uma das mais acertadas da minha vida. E, é como diz o adágio popular: “Quando o discípulo está pronto, o mestre aparece”. Foi isso que eu senti.

– Well: O que você considera que lhe levou a ter esse insight da Holosofia?

– Maitreya: Vamos por parte. Primeiro, falemos da palavra insight. Essa palavra, originária, provavelmente, do escandinavo e do baixo alemão, é definida na língua inglesa como: “a capacidade de entender verdades escondidas etc., especialmente de caráter ou situação”. E mais, um insight é definido como uma percepção repentina e profunda, uma compreensão clara e intuitiva de algo que antes não era evidente. O dicionário de Filosofia diz que insight é o mesmo que: visão súbita, intuição, iluminação. Como você pode perceber, o insight não é algo intencionalmente racionalizado. Assim, voltando à sua indagação, eu devo esclarecer que esse meu insight – “A História da Humanidade registra movimentos de guerra em todos os momentos evolutivos das sociedades no mundo inteiro. Se tem sido possível formar batalhões destrutivos, baseados no egoísmo e no ódio, talvez seja possível, também, e mais razoável e humano, compor legiões construtivas, respaldadas no altruísmo e no amor”. – enquanto tal, é uma ocorrência súbita e inesperada, sem o concurso do “raciocínio ativo”; em um segundo momento, ele é reconhecido, portanto, considerado de forma racional, tornando-se uma ideia. Essa ideia, para ser comunicada, mais uma vez, de modo racional, recebe um nome, Holosofia. Assim, a Holosofia é o resultado do insight.

– Well: Esse insight sinaliza para a composição de legiões construtivas, respaldadas no altruísmo e no amor, para se contrapor aos batalhões destrutivos, baseados no egoísmo e no ódio. Eu pergunto: Como se formaria essas legiões construtivas?

– Maitreya: Excelente pergunta. Ao desenvolvimento da personalidade – padrões persistentes de perceber, relacionar-se e pensar sobre o ambiente e sobre si mesmo[1] – integram fatores genéticos e culturais, e isso se dá, fundamentalmente, no ambiente familiar. Desse modo, é no seio da própria família que essas legiões construtivas devem ser compostas, a partir do altruísmo que, segundo o pai do positivismo, o filósofo francês Auguste Comte (1798-1857), é a tendência ou inclinação de natureza instintiva que incita o ser humano à preocupação com o outro e que, não obstante a sua atuação espontânea, deve ser aprimorada pela educação positivista, evitando-se assim a ação antagônica dos instintos naturais do egoísmo[2]; e do amor, conforme recomenda Cristo: “Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei[1]”; e o amor é reconhecido como uma emoção ou sentimento que leva uma pessoa a desejar o bem a outra pessoa ou coisa, o amor possui um mecanismo biológico, que é determinado pelo sistema límbico, centro das emoções, presente nos mamíferos e talvez nas aves; e na compreensão do psicólogo e filósofo alemão, Erich Fromm (1900-1980), o amor dever ser aprendido, pois é uma faculdade a ser estudada para que possa se desenvolver, “se quisermos aprender como se ama, devemos proceder do mesmo modo que agiríamos se quiséssemos aprender qualquer outra arte, seja a música, a pintura, a carpintaria, a medicina, a engenharia”[2]. O advogado e líder religioso indiano, Mahatma (grande alma) Gandhi (1869-1948), prega a ahimsa (termo sânscrito, não-violência)[3]. Aos olhos da Holosofia, o amor contido na relação afetiva mãe/pai prossegue no espermatozoide e no óvulo e por todo o processo de multiplicação e diferenciação celulares e, consequentemente, pela vida intrauterina do bebê; e a consolidação desse amor acontece nos atos de amamentação, passando a se aprimorar através das múltiplas relações interpessoais do indivíduo. Agora, imagine esses dois sentimentos presentes e cultivados em todos os membros das famílias, no mundo inteiro. Haveria guerra?

– Well: Eu sou obrigado a concordar com a sua resposta. Mesmo assim, eu pergunto: desejar que todos os membros das famílias do mundo inteiro venham cultivar o altruísmo e o amor, não lhe parece uma utopia?

– Maitreya: Sim. A utopia é um sonho; ela, segundo Thomas Moro, refere-se a uma sociedade ideal, imaginária, um paraíso. Mas, quase sempre, as realizações passam pelo estágio dos sonhos. Logo, sonhar com algo bom parece o primeiro passo para a sua realização. E mais, a pessoa pertencente a uma família altruísta e amorosa, percebe a bondade como uma realidade imanente à própria condição de humanidade do homo sapiens; ela não consegue conceber a ideia da existência de indivíduos, violentos e não-éticos. Infelizmente, ao longo das civilizações, Cristo, Comte, Erich Fromm e Gandhi não foram ouvidos, e as sociedades vêm se ocupando em contemplar o egoísmo e o ódio, estabelecendo a competição e a guerra. Agora, reverter essa realidade é o desafio que se impõe às futuras gerações. E alguns sinais estão presentes na atualidade, destacando-se um estudo do povoado de Ogimi, na Ilha de Okinawa, no Japão, que constata o segredo para uma vida longa e feliz: “Trate a todos como seus irmãos, ainda que seja a primeira vez que os esteja vendo”. E para isso eles identificam a palavra Ikigai, que significa: “a felicidade de estar sempre ocupado” ou a “razão de ser” ou “a razão pela qual nos levantamos pela manhã[4]”.

– Well: Quais os pontos que o senhor vislumbra na Holosofia para conceitua-la como ciência e arte?

– Maitreya: A Holosofia é ciência à medida que a sua prática ocupa o espaço científico, como é o caso do Setor PHS (Programa Holosófico de Saúde), na modalidade de Medicina Social Holística, já desenvolvido na cidade de Cajuru, Região de Ribeirão Preto, no estado de São Paulo, entre 2006 e 2009; e é arte enquanto um modus vivendi. Todos conhecem o aforismo: “Viver é uma arte”.

– Well: O senhor poderia tecer um breve comentário sobre os princípios da Holosofia?

– Maitreya: Desculpe, estes, por serem extensos, sugiro que os verifique no contexto da Holosofigênese, por gentileza.

– Well: O que a pessoa deve fazer para se tornar um holósofo?

– Maitreya: Inicialmente, sentir e reconhecer a necessidade de crescer internamente, com base no altruísmo, na amorosidade e na ética; a seguir, fazer a leitura de livros que abordem temas pertinentes à meditação – A Semente de Mostarda, volumes I e II; Aprendendo a silenciar a mente; e Corpo e mente em equilíbrio – é um bom começo para compreender o que significa a palavra meditação, uma vez que as traduções nas diferentes línguas, quase sempre, distorcem o significado real da palavra dhyana, em sânscrito, que equivale a dizer: “eu sou meditação”. Esses livros são compilações dos “Discursos” do Osho, e são muito esclarecedores, em especial, para os ocidentais. E o terceiro passo é manifestar-se voluntariamente, através do e-mail iiholosophy110394@gmail.com ratificando o desejo de compor essa legião construtiva, respaldada no altruísmo e no amor e, consequentemente, receber a certificação do IIH (Instituto Internacional de Holosofia ou International Institute of Holosophy).

– Well: Para finalizar a nossa entrevista, venho formular a seguinte questão: O que é ser Holósofo?

– Maitreya: Ser holósofo é sonhar e se debruçar na ressurreição do homem que morreu em algum momento da Pré-história, ao enveredar pelo caminho oposto ao altruísmo, ao amor e à ética e, assim, tê-lo de volta à sua própria natureza de ser humano e de habitante do paraíso Terra, no propósito do vir-a-ser (tornar-se aquilo que se é potencialmente, desenvolvendo-se, transformando-se na busca do melhor de si). E esse homem-morto está dentro de cada um de nós.

Sannyas name

 

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1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Destino

https://pt.wikipedia.org/wiki/N%C3%AAmesis_(mitologia)

3Um termo em inglês utilizado na psicologia para denotar um acontecimento cognitivo e definir o momento em que a pessoa toma consciência e passa a compreender determinado fenômeno ou fato.

4Holosofia – patenteada sob o Nº 900334487, no dia 22 de dezembro de 2009, pelo INPI.

5Aurélio Buarque de Holanda

6APA (DSM IV-TR, 2002, p.771

7Auguste Comte

8João 15:12

9pt.m.wikpedia.org

10Huberto Rohden. Mahatma Gandhi. 11ª Ed.,p.32

11Héctor Garcia e Francesc Miralles. Ikigai. Ed. Intrínseca Ltda. 2018, p.13-15