SOBRE O FUNDADOR
O Médico

Em 1953, aos 6 anos de idade, a criança Sebastião José Saraiva Filho (carinhosamente tratado como Saraivinha, uma vez que o pai era o Saraiva) percebeu que a mãe gemia e chorava, reclamando de dor. Imediatamente, o pai saiu e retornou acompanhado por um senhor vestido de branco e conduzindo uma pasta preta. Os dois adentraram o quarto onde a mãe continuava a gemer e chorar, enquanto a criança, apreensiva, permanecera na sala.
Depois de algum tempo, o senhor se despede da mãe, agora sem gemer, portanto, sem dor, e o pai o acompanha até a porta.
Aquela cena, na cabeça da criança, era uma verdadeira mágica, uma mágica que lhe tirara de uma situação angustiante.
Então, a criança, segura de que o senhor já havia saído, pergunta ao pai: quem é esse senhor?
– É o médico, responde o pai.
– Quando eu crescer, vou ser médico, afirma o filho.
Os pais, certamente, sem se darem conta de que aquele médico, aliviando a dor da mãe, teria deixado o filho, também, aliviado e encantado, sorriram e demonstraram orgulho diante da sua previsão vocacional da criança.
Esse episódio, a mãe passou a comentar com as amigas e, quase sempre, na presença do filho. E essa prática funcionou como um fator reforçador.
Em 1957, a professora vai à casa da mãe de Saraivinha, para conversar com dona Raimunda, conhecida como Munda. A certa altura da conversa, a professora comenta: eu gostaria de aproveitar o momento e dizer que o Saraivinha é uma criança atenciosa e inteligente, mas a senhora precisa comprar um caderno de caligrafia, pois a letra dele é muito pouco legível.
A mãe, sabedora da profecia do filho, finge nada saber e chama o Saraivinha, que estava brincando no quarto e diz: a sua professora está aqui fazendo alguns elogios a você, mas, também, reclama da sua letra.
– A senhora não falou pra ela?
– O quê?
– Que a minha letra não é feia; minha letra é de doutor.
Aquilo foi uma comédia, e todos caíram na gargalhada
Em 1968, em novembro, o Saraivinha vai fazer a sua inscrição para o vestibular, a ser realizado em janeiro do ano seguinte. Então, estabelece-se o seguinte diálogo entre a funcionária da Faculdade de Medicina, da Fundação Universidade do Maranhão (atual Universidade Federal do Maranhão – UFMA):
– Como o vestibular acontece uma vez por ano, a instituição oferece aos vestibulandos três opções, no seu caso, que deseja Medicina, você pode optar por Odontologia e Farmácia. Assim, se você não alcançar os pontos para Medicina, não perderá o ano.
– Fico muito agradecido pelos seus esclarecimentos, mas, por gentileza, escreva ai nos três espaços Medicina, Medicina, Medicina.
– Você entendeu bem o que eu falei?
– Entendi. E até achei interessante. Mas, na verdade, eu quero Medicina.
No final de janeiro, saiu a lista dos 120 vestibulandos aprovados em Medicina. Saraivinha era o número 35.
Ao longo do Curso de Medicina o acadêmico foi incansável em participar de inúmeras palestras e congressos médicos.
No fim do ano de 1973, pleiteando uma vaga de estagiário em Pediatria, no Hospital de Infantil do Instituto Fernandes Figueira, situado à Av. Rui Barbosa,716, Flamengo, Rio de Janeiro, apresentou o seu Currículo e submeteu-se a uma entrevista, como de praxe. Depois de 7 dias recebera um telex informando a sua aprovação que, por sinal teria completado a lista dos 30 estagiários previstos. Passados 10 dias, recebera outro telex, informando que a notícia anterior da sua aprovação teria sido um equívoco, pois o limite de 30 vagas para estagiários teria se completado dias antes da sua entrevista. Mais tarde soube-se que a sua vaga teria sido cedida para um colega de turma, melhor entrosado com os colegas de Residência, oriundos de São Luís.
Em 1974, na condição de formando, Saraiva passa a trabalhar como estagiário, na Zona Rural de São Luís, a convite do amigo pediatra e Secretário de Saúde do Município, o Dr. Raimundo Nina Rodrigues. Nesse ano, o cunhado do amigo Nina, Franco Regina, também, formando pela Faculdade de Medicina de Salvador, é incorporado. Foi um ano de excelente aprendizado prático (trabalho durante o dia) e teórico (estudo à noite, na residência do Nina, sob a sua coordenação).
Em 20 de dezembro de 1974, foi celebrada a cerimônia de formatura da 10ª Turma de Medicina da Fundação Universidade do Maranhão – UFMA.
Em 1975, em tempo integral, faz a Residência Médica em Pediatria, no Hospital Infantil da Cruz Vermelha de São Paulo, em São Paulo.
Em 1975, aproveitando as poucas folgas da Residência, o Dr. Sebastião Saraiva, na companhia de dois colegas, o paulistano Luís Carlos De Caprio e o mineiro Francisco, ingressa na Faculdade de Medicina de Santo Amaro e conquista mais uma especialidade médica, Medicina do Trabalho, em 22/12/75.
Em 1976, retorna a São Luís e monta um consultório de Pediatra em parceria com o seu colega de turma, Dr. Renato Couto Bacelar Nunes, especialista em Medicina Psicossomática, numa casa do próprio, situada no centro da cidade, na Praça Deodoro. E no dia 01 de junho (1976) é nomeado médico da Secretaria de Saúde do Estado do Maranhão.
Em 1977 é convidado a assumir a Coordenação do Centro de Recepção e Triagem da Fundação do Bem Estar do Menor (FEBEM), onde permanece por dois anos, tendo feito curso na FUNABEM, no Rio de Janeiro.
Em 1978, com o propósito do colega de vender o imóvel, o Pediatra aluga uma sala no Edifício Palácio dos Esportes, na Rua do Alecrim, a qual pertence ao seu ex-professor Clóvis Chaves.
Em 1982, é aprovado em Concurso Público e nomeado como Médico Legista, da Secretaria de Segurança do Estado do Maranhão, onde atuou por apenas um ano, pedindo exoneração do cargo. Diário Oficial de 12 de fevereiro de 1982, p.12. Inscrição no 0073, 30/04/82.
Em 1983, com o aumento da clientela, o Pediatra opta por alugar uma casa, também no centro da cidade, à Rua Oswaldo Cruz, vizinha ao Prédio da Embratel. Nesse momento lê-se numa placa luminosa: Clínica Infantil Sebastião Saraiva. Além do consultório, são instalados três apartamentos individuais, uma sala de vacinação, posto de enfermagem, farmácia e cozinha.
Em 1985, depois de dezoito meses de construção, é inaugurada a Clínica Materno Infantil Sebastião Saraiva (CMISS), na Av. Getúlio Vargas, 175, bairro do Apeadouro. Nessa ocasião, com a presença e a participação de conceituados colegas obstetras e anestesistas, a CMISS passa a ocupar um espaço médico-social relevante. A qualidade do atendimento profissional, a dedicação do pessoal paramédico e o rigor com a higiene ambiental configuram-se como referência para a clientela nas modalidades particular e convênio.
Em 1989, a CMISS passa a ser credenciada do DETRAN, criando um setor próprio para a realização dos exames médico e psicológico, necessários à habilitação de condutores e/ou renovações (CNH). Para tanto, dá-se a aquisição do imóvel ao lado.
Em 1993 conclui o Curso de Administração Hospitalar e Saúde Pública, pela UNAERP, sobre a coordenação do professor Juarez de Queiroz Campos.
Em 1999, no primeiro semestre vai a São Paulo e faz o Curso de Medicina do Tráfego, pela USP. Até então, para realizar os exames médicos para a obtenção da CNH, bastava ter o título de Medico do Trabalho.
No segundo semestre Dr. Saraiva retorna a São Paulo, capital, para participar de um Congresso de Radiologia e Ultrassonografia, no qual tem a oportunidade de conhecer e conversar com a maior autoridade brasileira em Ultrassonografia, o Professor Dr. Luiz Antônio Bailão, que é proprietário e titular da escola de especialização em ultrassonografia, a Clínica Diagnosis, em Ribeirão Preto, uma das mais prósperas cidades do estado de São Paulo. A Clínica Diagnosis recebe médicos do Brasil e do Exterior. E Bailão é consultor de uma fábrica de aparelhos de ultrassonografia nos EUA.
Em 2000, por questões de ordem familiar, a CMISS é arrendada e o Dr. Sebastião Saraiva muda-se para São Paulo, fixando residência na cidade de Ribeirão Preto. Em visita ao colega Bailão, termina por se tornar aluno “profissional” da Clínica Diagnosis, dando um tempo para a Pediatria. A sua dedicação exclusiva lhe permite acumular experiências ao longo de doze meses nas várias modalidades de exames – obstétrico, abdômen total, tireoide, próstata, intracraniana –, porém, o seu encantamento maior recai sobre o exame ultrassonográfico obstétrico. Ele chega a se referir ao mesmo como uma “brincadeira de vídeo game científico”.
Em 2001, no jantar de celebração de encerramento da última turma curso do ano anterior, o agora médico ultrassonografista compartilha com o colega Bailão, sua esposa Teresa Cristina Roselino Sicchieri Bailão, carinhosamente chamada de Tuka e a colega (sócia do Bailão) Maria Christina dos Santos Rizzi (Chris), o seu interesse em fazer pós-graduação (mestrado) em Medicina Fetal, tendo a Clínica e suas pacientes como material de trabalho e pesquisa ao longo do estudo. No dia seguinte, Bailão entra em contato com o colega Antônio Moron, chefe do Departamento da Ginecologia e Obstetrícia da Escola Paulista de Medicina, da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP, e agenda a recepção do pretenso mestrando. Em dois dias, o Professor Dr. Moron recebe o seu colega e já o apresenta aos demais mestrandos que aguardam o professor, para a aula teórica da manhã. Após a aula, numa conversa entre colegas, vem o convite: Moron, gostaria de que você aceitasse o convite para ser o meu Orientador. O professor aceita de pronto, agradece e dar um abraço no seu novo orientando. Ao retornar à Clínica Diagnosis, Bailão convida o colega Sebastião Saraiva a compor o corpo de professores de aulas práticas. Este, além de agradecer pelo honroso convite, impõe a sua condição para o esperado aceite: que a sua contribuição na função de professor venha se reverter num ato de retribuição à deferência e ao carinho recebidos, ou seja, que não haja qualquer ônus para a Clínica. E mais, que o Bailão venha ser o seu Co-orientador.
Convém salientar que nesse interim, o colega Guaraci, residente e com clínica de ultrassonografia na cidade de São José do Rio Preto, convida o Dr. Saraiva para cobrir os seus plantões matutinos na Santa Casa de São José do Rio Preto, onde ele termina realizando exames ultrassonográficos obstétricos semanais, durante três meses.
Em 2005, o Dr. Sebastião José Saraiva Filho, apresenta-se para defender a sua Tese, diante do Presidente da banca, o Prof. Dr. Antônio Fernandes Moron; a banca examinadora – Profa. Dra. Uchiyama Nakamura, Prof. Dr. Afonso Celso Pinto Nazário, Prof. Dr. Carlos Gilberto Almodin e Prof. Dr. João Alberto Vilar Mamede (Suplente) – e de uma plateia constituída pelos professores, dentre os quais Luiz Camano, Luiz Kullay, Rubino Azevedo, Rufino, Jorge Kuhn, Renato Santana, Roberto Cardoso e Rosiane Mattar, assim como os demais mestrandos e familiares. A sua pesquisa científica contempla a mulher gestante, e a Tese recebe o título: Repercussões do tabagismo na ultrassonografia da placenta, na Dopplervelocimetria uteroplacentária e no peso fetal.
Em 2006, depois do plantão de Pediatria, de 24 horas, no dia 31 de dezembro de 2005 – a pedido de um colega, para cobri-lo no Pronto Socorro Municipal de Cajuru, cidade a 56 km de Ribeirão Preto/SP – a ilustre Secretária de Saúde do Município, a enfermeira Cláudia Orsi Zacharias Beihy Menta convida o Pediatra a ingressar na escala regular de pediatras da casa. Nesse instante, ele agradece e já faz o seguinte comentário: Fico muito lisonjeado pelo convite, mas, infelizmente, não posso aceitar; eu acatei o pedido do colega, para vir dar esse plantão, porque eu já viria passar o Natal e o Ano Novo aqui em Cajuru, pois meus sogros moram aqui. E mais, eu terminei de defender uma Tese de Mestrado, estou no propósito de iniciar o doutorado e, além disso, nos últimos anos tenho estado atuando na ultrassonografia, portanto, afastado da Pediatria. Contudo, nesse momento, ocorre-me a ideia de lhe falar sobre um Projeto de Medicina Social, pertinente à Holosofia e chamado Programa Holosófico de Saúde (PHS), que está na gaveta, desde 1994, há 12 anos, quando eu estava na India. Pela implantação desse Projeto, eu abandono os projetos atuais e ficarei em Cajuru de segunda a quinta-feira, e sem hora para trabalhar, pois esse Projeto é um sonho pessoal. A senhora teria alguns minutos para me ouvir? A resposta é positiva. Depois de 30 minutos de apresentação do referido Projeto, a Secretária responde: eu estou motivada a aceitar o seu Projeto, mas preciso ter o aval do Prefeito. Eu lhe darei a resposta em três dias.
No dia 06 de janeiro de 2006, Dr. Sebastião Saraiva reúne-se com a Secretária da Saúde e seus assessores, e os trabalhos são iniciados. Para ganhar tempo e evitar um estudo e análise dos bairros com maior vulnerabilidade social, ele pede que, dentre as modalidades de atividades, lhe seja concedido o cargo de Coordenador Geral das cinco ESFs (Equipe de Saúde da Família), antigo PSF (Programa de Saúde da Família). O seu pedido é deferido. Conheça o conteúdo desse Projeto na página “Prefeito Inovador”.
Em 2009, o Pediatra entra para a COMERP (Cooperativa de Médicos de Ribeirão Preto) e retoma a estrada, atuando como plantonista nas cidades da Região de Ribeirão Preto – Cravinhos, Serrana, Guatapará, Franca, Américo Brasiliense e Batatais (terra de Cândido Portinari).
Em 2012, Dr. Sebastião Saraiva volta para São Luís, a Ilha do Amor, vai à Secretaria de Saúde do Estado e é encaminhado para somar forças com os colegas pediatras na UPA do Vinhais. Paralelamente, começa a trabalhar como Neonatologista, na Maternidade do Hospital Municipal de Alto Alegre/MA, a quase 200 km de São Luís.
Em 2014, a colega Laura sinaliza com uma vaga no grupo de pediatria da cidade de Itapecuru, a 115 km de São Luís, e ele deixa Alto Alegre.
Em 2018, deixa a UPA do Vinhais e Itapecuru, para trabalhar apenas uma vez por semana – de quinta-feira a domingo – no Hospital Regional de BarreirinhasMA, a 245 km de São Luís. Também, inicia plantões num Programa de Maternidade alocado na Santa Casa em São Luís, e abre o consultório particular de Pediatria, em parceria com a colega de turma Simone Lameiras, no Medical Center Renascença.
Em 2021, o seu contato com a colega Laura resulta na sua inclusão na equipe dos pediatras da empresa MultPed, já iniciando no dia 7 de fevereiro, um domingo. Esse trabalho é realizado num dos pavilhões da Santa Casa.
Em janeiro de 2022 o Programa de Maternidade muda-se para a Maternidade de Paço do Lumiar. O atendimento na Biotrato e os plantões em Barreirinhas continuam, mas encerra o consultório particular, por conta da Pandemia da Covid-19.
Em 2023, é convidado a trabalhar na Maternidade da Santa Casa, em São Luís e dispensa Barreirinhas. Assim, resume a sua carga horária e concentra o seu trabalho nas Maternidades de Paço e da Santa Casa e a particulares na Clínica Biotrato.
Em 2024, o apaixonado Pediatra e Neonatologista completa 50 anos de dedicação aos recém-nascidos e às crianças maranhenses e brasileiras, mas, agora, dividido com a Psicologia, atuando na Psicoterapia Urológica. Veja na página “O Psicólogo”.