Holocoluna – 0075

  1. AMIGO

Publicado em 02/02/2008

 

O ser humano é um animal social; ele sente necessidade de viver em companhia de seus semelhantes, a começar pelos seus familiares, em especial a sua mãe.

A convivência harmônica entre a mãe e o bebê, ainda na vida intrauterina, proporciona a este a criação e o desenvolvimento da sua afetividade. Esta harmonia, após o nascimento, se traduz, fundamentalmente, pela prática da amamentação espontânea, e por tempo mais demorado, em situações normais de saúde de ambos.

O laço de afeto criado pelo bebê na sua relação com a mãe virá se constituir na sua matriz afetiva, a qual se diferenciará nas modalidades de afetos correspondentes às diferentes relações a ser estabelecidas com o mundo externo ao longo da vida do indivíduo, seja com as demais pessoas, com os animais ou com as plantas.

Tal afirmativa vem ressaltar a importância e a repercussão positiva da boa matriz afetiva no desenvolvimento e consolidação do sentimento amoroso do ser humano.

O sentimento amoroso permeia tanto o plano emocional quanto o racional, e o seu ponto de equilíbrio é a amizade. O equilíbrio lembra saúde. Logo, ser saudável é ser amigo.

O amigo é aquele que aceita o outro na sua forma original, sem pretender adicionar ou excluir algo, e ainda, se felicita com felicidade alheia.

Portanto, assumir a postura de verdadeiro amigo requer maturidade e consciência suficientes para reconhecer a transparência, a solidariedade e a cumplicidade como valores próprios da amizade.

Convém sublinhar que as relações amorosas são, quase sempre, recheadas com momentos de grandes turbulências, e isto acontece pelo fato do sentimento afetivo de uma ou de ambas as partes envolvidas habitar preponderantemente um dos planos, emocional ou racional, dando lugar à competição, à dominação e à manipulação.

O casal encontrará na amizade a consolidação da afetividade que um nutre pelo outro, ocasião em que o companheirismo e a admiração mútua estarão unidos em nome da paz. A paz exala o aroma da felicidade e dá o real sentido ao relacionamento.

Extrapolando o âmbito familiar, as relações com os colegas de trabalho ou mesmo nos meios sociais guardam variáveis graus de afetividade, e quando surgem situações capazes de aprofundar essa afetividade, o amigo se revela.

O indivíduo que se relaciona com os animais ou com as plantas, prestando atenção aos detalhes e se deixando envolver naturalmente, logo se sentirá transformado num amigo de todos. É antigo o aforismo: o cão é o melhor amigo do homem.

Também, há quem diga que amigo é aquele desinteressado pelo ter do outro. Talvez, por isso, alguém tenha dito que o cão só é o melhor amigo do homem porque não conhece dinheiro.

 De qualquer forma, podemos sonhar com a transformação do mundo num paraíso, a partir do momento em que cada um de nós se permita tornar-se amigo.

 

Sebastião Saraiva

Médico e Holósofo

Site: www.holosofia.com.br