Holocoluna – 0071

  1. O IDOSO

Publicado em 08/12/2007

 

Como vimos no artigo anterior, a vida extrauterina tem início com o RN e termina com o idoso. Esses dois pólos guardam semelhanças entre si.

Enquanto o RN se apresenta dependente pela sua imaturidade neuro- psíquico-motora, o idoso se torna semi-dependente pela pós-maturidade desses segmentos. Por isso, ambos necessitam e merecem atenção especial.

A Pessoa idosa expressa pelas rugas da pele e pelo branco dos cabelos o acúmulo dos anos vividos. Também, mostra, pela suavidade dos movimentos corporais e pelas falhas eventuais da memória, o quanto esgotou as suas energias. Energias físicas, mentais, emocionais e espirituais.

O esgotamento energético físico, mental e emocional se dá pela execução contínua dos trabalhos celulares dos diferentes órgãos do indivíduo ao longo da vida. O esgotamento energético espiritual, dependendo do nível de consciência individual, pode ocorrer, mas pode inexistir ou até se reverter em acúmulo de energia.

O esgotamento energético verificado no organismo do idoso não se trata de um esgotamento energético puro e simples, na verdade, aconteceram transformações e, simultaneamente, transferências e trocas energéticas. No Universo tudo se transforma!

A energia do idoso foi transformada, transferida e compartilhada com todos os setores de sua relação existencial – cônjuge, prole, familiares, amigos, colegas de trabalho.

O cônjuge inicialmente compartilha energias diferentes, por isso a relação é mais vigorosa; com o tempo as energias individuais se assemelham, e já não há mais troca, apenas o fluxo de uma mesma energia de um para o outro, daí o “relax” relacional.

Em cada filho há uma matriz energética, trazida dos pais. O aspecto “cuidar do filho” exige a criação de um campo magnético-emocional que consome grande carga energética dos pais, destacando-se o item “preocupação”, seja em relação ao comportamento, à segurança-integridade ou ao futuro do mesmo.

A existência de algum membro da família não-nuclear que venha exigir maior cuidado ou preocupação termina por se tornar um verdadeiro “vampiro” energético dos pais ou do(a) vovô(ó). Tal vampirismo pode se encontrar também nas relações sociais e profissionais.

As decepções acumuladas no campo amoroso assim como a insatisfação pela não-afinidade com a profissão escolhida, mas exercida indefinidamente, aceleram o esgotamento energético e geram no idoso muita tristeza.

A tristeza encontra na ociosidade imposta pela aposentadoria a oportunidade para galgar o título de depressão. Este diagnóstico é cada vez mais freqüente entre os idosos.

Quase sempre o salário do idoso aposentado é corroído pela cesta básica de medicamentos, o que lhe deixa de baixo astral, piorando o seu relacionamento com os familiares mais jovens, quase sempre assoberbados pelas tarefas diárias. O idoso sente-se muito solitário.

Lembremos, pois, que a atenção dispensada ao idoso é capaz de ressuscitá-lo das cinzas.

Parte da sua energia veio do seu idoso, aproxime-se mais dele enquanto há tempo.

Sebastião Saraiva

Médico e Holósofo