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O ADULTO
Publicado em 01/12/2007
Por questões didáticas, a vida, sob o aspecto cronológico, compreende duas fases, a intrauterina – embrionária, os três primeiros meses da gestação; e fetal, do quarto mês gestacional ao nascimento – e a extrauterina – do nascimento ao óbito.
A fase extrauterina é dividida em oito períodos.
Primeiro, recém-nascido (RN) – corresponde aos primeiros 30 dias de vida; segundo, lactente – até completar o 1º aniversário; terceiro, criança pequena ou pré-escolar – até os 3 anos de idade; quarto, criança maior ou escolar – dos 4 aos 9 anos; quinto, pré-adolescente – dos 10 aos 12 anos – ; sexto, adolescente – dos 13 aos 21 anos; sétimo, adulto – dos 22 aos 65 anos, quando se aposenta; e oitavo, idoso – depois dos 65 anos (o Estatuto do Idoso considera o indivíduo como tal a partir dos 60 anos).
Como podemos constatar, a adultice é o mais longo – 33 anos – período da vida da pessoa, tem início com o fim do crescimento e termina com o evidente declínio da sua capacidade produtiva, tanto física como intelectual.
Considera-se o adulto um indivíduo maduro, portanto, pronto para assumir a responsabilidade de conduzir o seu destino, o da sua família e o da própria sociedade.
O adulto conduz o seu destino utilizando, adequadamente, as experiências até então adquiridas, e reconhecendo a influência social do seu comportamento e atitudes. É nesse período que a criatura conclui os seus estudos, conquista uma profissão e opta por constituir a própria família.
Constituir a própria família implica na união com alguém pela qual se nutre um forte sentimento de afeto, respeito e admiração. Tal união põe fim à liberdade individual da pessoa, e, isso precisa ser reconhecido. Esse reconhecimento é fundamental para a manutenção da harmonia do casal de maduros, de adultos.
Depois, com o planejamento para a chegada dos filhos, os dois adultos se articulam de forma a consolidar a relação e, assim, poderem conduzir o destino das crianças, a partir da instituição dos valores – adequação, altruísmo, atenção, bondade, caridade, carinho, compromisso, cordialidade, generosidade, gentileza, gratidão, honestidade, humildade, respeito mútuo, responsabilidade, sinceridade, ternura, trabalho, etc. – indispensáveis na construção do verdadeiro cidadão, do verdadeiro ser humano.
Naturalmente, uma sociedade formada por verdadeiros seres humanos refletirá, com fidedignidade, o grau de maturidade da sua população adulta.
Por tudo aqui posto, nada mais humano passa nos parecer do que o adulto refletir sobre a grandeza da sua responsabilidade existencial e, numa postura de quem goza de lucidez e saúde plena ou “saudena”*, conduzir o seu destino, o da sua família e o da própria sociedade.
Aquele que ostenta idade cronológica compatível com a condição de adulto, mas ignora as exigências de tal condição, confessa-se profundamente enfermo e nada maduro, passando a merecer atenção terapêutica até completar o seu processo de maturação.
As misérias interiores do adulto decorrem das carências nos períodos anteriores.
Sebastião Saraiva
Médico e Holósofo
* O autor funde as palavras saúde plena, para significar saúde nos planos físico, mental, social espiritual.