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O RECÉM-NASCIDO
Publicado em 03/11/2007
A gravidez é uma das experiências mais singelas ao alcance do ser humano.
O período gestacional envolve a todos, e causa grandes expectativas.
O nascimento do bebê é o ponto alto do processo de perpetuação da espécie. É nesta ocasião que os familiares se reúnem para celebrar o grande momento, a chegada do mais novo membro da família.
Imaginemos o nascimento do primeiro filho, de parto normal.
A mãe tem urgência em se certificar de que seu filho nasceu bem e é perfeito – até esquece as afirmativas favoráveis do obstetra, corroboradas pelos exames de ultra-sonografia ao longo do pré-natal –; o pai deseja saber se tudo correu bem, com o filho e com a mãe; os avós ficam aliviados com a boa notícia e logo desejam ver com quem se parece o(a) netinho(a); os tios se contentam em contemplar a “figurinha” admirando-se diante do milagre da vida; e os amigos querem festejar com alegria o “final-feliz”.
Passada a euforia dos primeiros minutos, o recém-nascido (RN) chama a atenção de todos para o seu lanche inaugural; ele esboça um choro característico para que a mãe compreenda que deve saciar-lhe a fome. Talvez as fomes. As fomes física e afetivo-emocional.
A fome física, decorrente do esforço fetal para se ajustar às contrações uterinas e vencer os obstáculos próprios do canal de parto e, finalmente, apresentar-se como recém-chegado, ou recém-nascido; a fome afetivo-emocional, ocasionada pelo abandono impositivo do primeiro lar e da separação materna, mediante a secção do cordão umbilical.
A compreensão dessas duas fomes faz com que a mãe venha oferecer os seios com a convicção de estar alimentando o corpo e a alma do filho. É por isso que os obstetras orientam e estimulam o aleitamento materno a cada consulta do pré-natal, o que é continuado pelos pediatras nas consultas de rotina.
O aleitamento materno deve ser exclusivo durante os primeiros seis meses, e se prolongar até os dois anos de idade, complementado com refeições diversificadas.
O leite materno nutre plenamente, confere melhor digestibilidade, mantém o sistema imunológico mais efetivo e deixa o RN tranqüilo, seguro e feliz; e as mamas maternas ficam mais saudáveis e resistentes ao câncer.
A higiene pessoal do RN ocupa o segundo lugar na escala de cuidados gerais, destacando-se os banhos diários – proteger os ouvidos com algodão para evitar que caia água – e a troca de fralda – usar fralda de pano; a descartável é quente, acumula xixi e faz assadura – imediatamente após cada micção ou evacuação, lavando o períneo com água corrente.
O clima ambiental deve ser adequado, respeitando-se a sensibilidade tátil, auditiva e visual do RN. Isto quer dizer que o manuseio do RN deva ser mínimo e com movimentos suaves, que as roupas devam oferecer conforto diante da temperatura ambiente nos diferentes momentos do dia; que o barulho deva ser evitado, incluindo os gritos das pessoas e o som musical; que a luminosidade – solar e luz artificial – seja controlada.
Ter um RN em casa é desfrutar da presença de Deus, manifesta na pureza e na inocência de um pequeno ser humano.
Sebastião Saraiva
Médico e Holósofo