Holocoluna – 0062

  1. O CASAL…II

Publicado em 29/09/2007

 

Reavaliações periódicas das relações! Estas implicam em diálogos. Diálogos freqüentes, francos, abertos e sem melindres. Cuidado para não virar uma contenda!

Quando se fala que o homem e a mulher têm psicologias próprias, isto significa dizer que os sentimentos, as sensibilidades, os desejos, os prazeres, os sonhos e as formas de ver a vida são diferentes. Eles são diferentes desde a genética; enquanto o homem ostenta os cromossomas XY, a mulher exibe os cromossomas XX.

Assim, o reconhecimento da necessidade dos diálogos como oportunidades de reavaliações periódicas das relações se constitui num ato de justiça mútua em direção à manutenção da igualdade funcional de duas “peças” desiguais, o homem e a mulher.

Para tanto, alguns dos muitos ingredientes – humor, atenção, compreensão, dedicação, admiração, cuidado, respeito, altruísmo, liberdade e confiança – devem ser utilizados, e com muita sabedoria.

A pessoa bem humorada demonstra distinguir os valores reais da vida, transformando esta numa permanente festa, permitindo o fluir de boas energias e alegrias.

Prestar atenção no outro torna possível a identificação de fatos sutis e faculta o exercício do elogio recíproco, o que eleva a auto-estima e aumenta o sentimento de afeto de ambos.

A postura de compreensão das facilidades e dificuldades do outro demonstra maturidade e vem confirmar o reconhecimento das diferencias individuais, eliminando o clima de cobrança desnecessária e tão danosa à relação do casal.

Dedicar-se um ao outro é fazer-se presente nos diferentes momentos do dia-a-dia.

A admiração representa a identificação das virtudes que um vê no outro e expressa, sem economia, através de palavras, atitudes e gestos. É importante, tanto falar quanto ouvir!

A forma de cuidar denuncia bem as diferencias entre o casal; o homem se concentra nas tarefas de sobrevivência e segurança, como se fosse o pai da companheira; a mulher atua como mãe, ocupando-se da alimentação, da indumentária e dos detalhes da casa, chegando até a por normas e limites no uso dos pertences, mesmo os adquiridos pelo próprio marido. Pareceria mais inteligente direcionar o cuidado à pessoa um do outro.

O respeito é um termo amplo, mas aqui queremos dar-lhe a conotação de respeito à vida do outro, elegendo a estabilidade emocional como fator de saúde e ausência de grosserias ou asperezas, de parte-a-parte. Silenciar no barulho do outro soa como respeito.

O altruísmo simboliza a consideração positiva, o amor de um pelo outro. Ao contrário, o egoísmo leva à competição. A competição é o caminho mais perto para a infelicidade.

 A liberdade é o maior patrimônio individual depois da fé e da saúde. Deixar o outro sentir-se livre é mantê-lo oxigenado, portando vivo. Conviver com morto só outro morto!

A confiança é um sentimento de segurança interno individual que se mantém inabalado diante da liberdade do outro, pois a cumplicidade deve prevalecer. Isto não deve interferir na reação diante do que o(a) outro(a) fará com o voto de confiança recebido.

O casal é o encontro das “metades” humanas justificado pelo próprio fim, compartilhar vidas!

Sebastião Saraiva

Médico e Holósofo