Holocoluna – 0048

  1. XII. A RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE

Publicado em 02/06/2007

 

No campo da Ciência-Tecnologia a humanidade tem demonstrado grandes avanços e belas conquistas, mas no movediço terreno das relações o progresso vem acontecendo de forma muita tímida.

Trabalhos científicos têm revelado que a TV, inicialmente acolhida como excelente meio de entretenimento, atualmente vem se constituindo num fator de desagregação familiar, pois a mesma apresenta uma força quase irresistível de sedução.

Assim, aquelas ocasiões em que os familiares se reúnem circunstancialmente, isto é, pela coincidência do retorno da escola para uns e do trabalho para outros, que poderiam representar excelente oportunidade para o compartilhar, são subtraídas pela maldita tela colorida.

Eis aí a primeira perda de oportunidade para o aprimoramento das relações. Em sendo a família uma oficina onde são exercitadas as diferentes potencialidades individuais, a criação do hábito das boas relações, aí também, se inclui.

Portanto, quando nos referimos à relação médico-paciente, especialmente no campo da Pediatria, convém fazer uma reflexão mais profunda sobre o tema, e verificar que o modo como as pessoas se relacionam sinaliza para um comportamento adquirido pela força do hábito.

Logo, é aconselhável aos pais valorizarem todos os momentos da convivência familiar, exemplificando aos filhos a importância das relações inter-pessoais. Isto é válido para todos, tanto para os pacientes como para os médicos.

Essas crianças de hoje não tardarão a tornarem-se pais. Pais médicos e pais pacientes. Todos terão internalizado na sua personalidade a prática das boas relações, o que garantirá uma boa relação médico-paciente no futuro.

Naturalmente, as relações humanas não podem ser aprendidas de maneira específica, mas sim generalizada. Se você tem o exercício da boa relação familiar, onde quer que você esteja lá ela estará, apenas será reconhecida com a “cara” que o contexto lhe explicitar. No contexto médico-paciente o comportamento de ambos exprimirá o exercício da boa relação familiar anteriormente aprendida.

Agora parece fácil compreender situações onde a relação médico-paciente deixa de ser boa. Neste caso, uma das partes ou ambas foram privadas do exercício familiar, no aspecto das relações humanas como um todo.

Vejamos, pois, o conceito de saúde, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS): “Saúde é, além da ausência de doença, a sensação de bem-estar físico, mental e social”. O PHS acrescenta…e espiritual.

Finalmente, a lógica nos leva à inequívoca conclusão de que a boa relação médico-paciente traduz o exercício da boa relação familiar do médico, ainda criança, e a sua saúde pessoal, de um lado, e o mesmo, em se tratando do paciente.

Encerramos assim a coleção “Cuidando do Meu Filho”. Tarefa, por nós, planejada e executada. A você compete a avaliação e a conclusão.

Sebastião Saraiva

Médico e Holósofo