42 – VI CAPÍTULO: INTESTINO PRESO
Publicado em 31/03/2007
Quando a mãe refere que a criança está com o intestino preso, o pediatra logo entende que se trata de constipação intestinal– eliminação com esforço (ou até sofrimento) de fezes duras (ressecadas) geralmente em freqüência menor que o habitual.
O recém-nascido (0 a 28 dias) e o lactente (29 dias a 2 anos) no primeiro trimestre de vida podem apresentar dificuldade para evacuar, mesmo se alimentando exclusivamente de leite materno. A esta situação atribui-se à incoordenação do esfíncter anal por imaturidade do sistema nervoso, cabendo ao pediatra a tarefa de tranqüilizar a mãe com explicações mais detalhadas.
O tratamento consiste em massagens e ginásticas abdominais, forçando as coxas fletidas sobre o abdome. Aos bebês alimentados ao seio NÃO oferecer suco, ameixa, mel ou laxantes; quando em uso de leite artificial (vaca) puro, a mãe deve dilui-lo (2 partes de leite para 1 de água) ou mudar para o Nanon.
No pré-escolar (2 a 7 anos) a constipação crônica pode estar associada ao excesso de atividades e brincadeiras que contribuem para a criança esquecer o seu horário habitual de evacuar. O segundo fator recai sobre uma dieta inadequada – à base de leite e alimentos sem resíduos e sem fibras.
Portanto, o tratamento compreende uma série de medidas.
Primeiro, seguir rigorosamente a dieta proposta pelo pediatra, incluindo aí frutas, verduras e legumes.
Segundo, oferecer líquido com freqüência, destacando-se aqueles que apresentam ação laxante – laranja, tamarindo e mamão.
Terceiro, estabelecer um horário fixo para evacuar diariamente, a partir dessa próxima evacuação, preferindo-se o momento correspondente a 20 minutos após uma das refeições.
Quarto, diante do insucesso das medidas anteriores, o médico costuma prescrever óleo mineral (Nujol), conforme o peso corporal da criança, variando entre 2 a 5ml/kg/dia, em duas tomadas – manhã e noite –, por um período de 15 a 30 dias, diminuindo gradualmente até completa suspensão da medicação.
Quinto, proporcionar à criança um clima de tranqüilidade, paciência e compreensão do problema que ela está vivendo. Este apoio psicológico é um ato de amor significativo.
Como podemos verificar pelo acima exposto, o objetivo maior desta abordagem é tranqüilizar a mãe a respeito da inexistência de gravidade a cerca da constipação Intestinal, enquanto ela própria passa a dispor de informações preliminares para resolver a situação com medidas não medicamentosas, mas sim com a correção alimentar, a oferta hídrica e o estabelecimento de horário para a criança esvaziar o intestino. Vale ressaltar que tais procedimentos são extensivos ao adulto também.
Naturalmente, o papel do médico torna-se preponderante na resolução de qualquer problema de saúde, mas a seqüência destes artigos – total de 12 – visa oferecer o mínimo de informações básicas necessárias a tranqüilizar as mães diante das mais freqüentes ameaças à saúde do seu filho.
Lembramos a você que estamos concluindo a metade da sua coleção, intitulada “Cuidando do Meu Filho”. A isto nós denominamos democratização do conhecimento científico.
Sebastião Saraiva
Médico e Holósofo