SOBRE O FUNDADOR

O Professor

Uma pequena história de construção de um Professor.

Início de 1964, trabalhando numa loja de eletrodomésticos, situada à Rua Oswaldo Cruz, denominada Casa Marc Jacob, e cursando a 3ª Série do Ginásio, no Colégio de São Luiz, no turno noturno, o aluno tinha o professor Ivan (Canibal) como seu professor de Inglês. E como já tinha o desejo de aprender o idioma, contratou o professor para receber aulas particulares aos sábados à tarde, na sua residência (do professor), na rua da Palma, no centro da cidade. 

– Você quer aprender a escrever e a ler ou também, a falar inglês? Pergunta o professor antes de iniciar a primeira aula.

– Professor, na verdade, o meu desejo é aprender inglês nessas três dimensões.

– Então, recomendo que compre a Gramática da Língua Inglesa, de Frederico Fitzgerald, um livro da capa verde e de fácil compreensão.

A cada aula novos aprendizados, com ênfase na gramática, destacando-se os verbos, embora a conversação se fizesse presente, mas de forma tímida. Mas o aluno estava determinado no seu propósito e continuava motivado.

No segundo semestre desse mesmo ano, um colega de trabalho, Alvacir Ferreira Marques, o convida para fazer parte de um grupo de estudo de inglês, contemplando a conversação. Esse grupo de estudantes se reúne à noite, na sua residência, à Rua Isaac Martins, no centro da cidade. O convite é aceito e, ao sair do Colégio de São Luiz, à Rua Rio Branco, quase sempre, depois das 22h, o estudante se encaminha para a Rua Isaac Martins.

Lá, a logística consiste em todos se distribuírem em torno de uma mesa de jantar colocada na sala, tendo no centro, uma grande jarra de vidro cheia de ki-suco de morango ou groselha, objetivando molhar a garganta dos falantes – Carlito Marques, seu irmão Alvacir Marques, Italo Elmo, Walber Miranda, Sebastião Saraiva e Zacarias.

No segundo semestre de 1966, o grupo, liderado pelo mais fluente, o Carlito, rumou para o Instituto Cultural Brasil Estados Unidos (IBCEU), situado na Rua da Paz, com o propósito de todos se submeterem a uma avaliação e se matricularem no referido Instituto, na série correspondente à respectiva aprovação.      

Ao chegar, o grupo dera de cara com aquele americano de quase dois metros de altura, o Mr. Makey, Diretor Cultural e recém chegado a São Luís. A boa recepção deixara os jovens relaxados, e logo teve início um papo descontraído, com todos falando o idioma do Diretor (O Diretor executivo era do Dr. Passos).   A certa altura, o Carlito indagou sobre a teste a ser aplicado ao grupo, quando Mr. Makey surpreendeu dizendo: o teste já foi concluído. E apontando para cada um, passou a dizer qual o nível a ser matriculado. À época, o Curso compreendia quatro níveis, ou seja, em quatro anos de estudo, com um detalhe, no meio do ano, os alunos mais adiantados eram promovidos, passando de nível. O Carlito ficou no 4º nível, o Alvacir no 3º e os demais no 2º nível. Em dois anos todos estavam com o Curso concluído. Lembrando que o estudo das noites continuaram. E mais, em alguns momentos convidava-se americanos desejosos em aprender Português, estabelecendo-se um verdadeiro intercâmbio cultural. Certa vez, apareceu o Mr. Guelren, que estava hospedado no hotel Ribamar, na Praça João Lisboa, dizendo-se satisfeito por haver comido um gato gostoso no almoço. Na verdade, ele havia comido pato. Foi um riso geral, inclusive do próprio. Era tudo muito divertido!

Nesse interim, o Saraiva fora convidado por um colega a trabalhar na Companhia Moraes, revendedora da marca Ford, auxiliando o contador Mário e tendo como chefes imediatos os sócios majoritários, o Sr. Almir Moraes e o Sr. Sebastião Caracas; o terceiro sócio, o Sr. Oliveira, atuava no mesmo prédio, mas no setor de material de construção. Aqui, a história pede dois registros: Primeiro, em 04 de maio de 1983, por ocasião da inauguração da Clínica Materno-Infantil Sebastião Saraiva, na condição de vizinho e convidado especial, o Sr. Almir Moraes compareceu e cumprimentou o outrora funcionário, confidenciando: você é o filho que eu gostaria de ter tido; e segundo, o Sr. Sebastião Caracas continuou presente na vida do Saraiva, através do filho Eduardo Caracas que, mais tarde, como gerente da Caixa Econômica Federal, sempre o atendera com distinção (Eduardo era um garoto quando Saraiva trabalhava com o pai em 1966). Em determinada ocasião o então médico e escritor Sebastião Saraiva, depara-se com uma foto à época de funcionário, onde o seu xará aparece, ao centro (ele acima à direita, já identificado: Eu). Nesse momento, o sentimento de gratidão e admiração o leva a decidir por tirar uma cópia e presentear pessoalmente ao amigo. Para tanto, Saraiva fora até à confortável pousada na orla da praia do Olho D’água, de propriedade de Caracas, dando lugar a um reencontro inesquecível, Saraiva levara, além da cópia da foto, um livro da sua autoria: Conversando com Deus. Caracas gerenciava a pousada e se dedicava a escrever e a pintar nas horas vagas. A partir de então, os dois passaram a se encontrar com frequência e a compartilhar suas obras. Infelizmente, às 07h09, do dia 14/05/2021, Saraiva recebera, de Eduardo Caracas, via WhatsApp, uma mensagem com foto do pai, dizendo: meu querido e amado papai faleceu ontem à tarde). Em poucos minutos, Saraiva encontrava-se ao lado do amigo (falecido na data consagrada a Nossa Senhora Aparecida de Fátima, 13 de maio), para a despedida final.

Depois da Companhia Moraes, Saraiva passara a trabalhar na Casa Âncora, situada na Praia Grande (hoje Projeto Reviver), exercendo a função de Caixa Geral, recebendo os pagamentos maiores, realizados por empresas construtoras e repartições públicas. Essa casa de ferragens contava com três sócios portugueses – Romão dos Santos, Antônio dos Santos e Joaquim; o primeiro, sócio majoritário.  

Em dezembro de 1967, com a conclusão do Curso de Inglês, o jovem obstinado elabora o seu projeto para o próximo ano, e já toma as primeiras providências: despede-se da Casa Âncora; entra em contato com a direção das escolas secundárias da rede privada – Colégio São Vicente de Paulo, no bairro do João Paulo; Colégio Dom Bosco, na Rua do Passeio e Colégio de São Luiz – objetivando exercer o Magistério, na disciplina de Inglês, no turno matutino; o turno vespertino será reservado para frequentar o Cursinho Preparatório do Vestibular (para Medicina), matriculando-se com o Prof. José Maria do Amaral, situado à rua dos afogados; e o turno noturno destinar-se-á à conclusão do 3º Ano Científico (Colegial), no Colégio de São Luiz.

Em 1968 o seu projeto é plenamente realizado e, ao fim do ano, é aprovado no vestibular, passando a dividir o seu tempo com a faculdade e as escolas do segundo grau. A sua dedicação culmina com o recebimento do Certificado de Habilitação em Exame de Suficiência para o Ministério do Ensino Médio, na disciplina de Inglês, pela Faculdade de Educação da Fundação Universidade do Maranhão (FUM), em 1971, cujo Reitor é o Co José Ribamar Carvalho.  Também, ministrou aulas de Anatomia, como professor convidado, na disciplina de Desenho Anatômico, do Instituto de Artes e Letras, da Fundação Universidade do Maranhão (FUM). Durante o período acadêmico, por iniciativa pessoal, proferiu palestras em várias escolas e instituições públicas, sobre temas diversos, destacando-se os vícios – uso do fumo e de substâncias ilícitas –; saneamento básico e saúde coletiva; nutrição infantil; e outros.

De 2001 a 2005, depois de concluir o Curso de Ultrassonografia, em Ribeirão Preto/SP, tornou-se professor de aulas práticas na mesma Clínica-Escola. Nesse período esteve envolvido em pesquisa direcionada à sua defesa de Mestrado em Medicina Fetal, pela Faculdade de Medicina da UNIFESP, em São Paulo.

Entre 2006 e 2009, à frente do Programa Holosófico de Saúde (PHS), ministrou aulas de capacitação para as Agentes de Saúde das cinco equipes do PSF, assim como palestras em escolas públicas e privadas e repartições.

Em 1974, com a sua graduação em Medicina, partiu para a Residência Médica em São Paulo, levando consigo a experiência de sete anos como professor.

Em 2014, volta a exercer o magistério, agora ministrando aula de Clínica Médica I e II, para o Curso de Terapia Ocupacional (TO), da Faculdade Cest, onde permaneceu por dois anos.

Por fim, nesses 50 anos de Pediatria, a voz do professor vem se harmonizando com as ações do médico, no processo de orientação às mães.