Holocoluna – 0086

  1. CORAGEM

Publicado em 03/05/2008

 

A vida se constitui numa viagem ininterrupta que vai do nascimento à morte. Ao longo deste breve trecho encontram-se incontáveis vias alternativas de acesso às realizações, algumas bastante estreitas e outras muito largas, algumas cheias de obstáculos e outras planas e livres, algumas escuras e outras iluminadas.

Escolher estas vias alternativas a cada momento é o desafio a que todos nós estamos submetidos. E para isso, é necessário coragem. Coragem para decidir.

A coragem é filha da autoconfiança e impulsiona o indivíduo a novas experiências, desde as mais simples às mais complexas.

O corajoso difere do inconseqüente. Enquanto aquele escolhe a estrada de forma consciente e se prepara para responder com habilidade diante de possíveis riscos, este se aventura ignorando as conseqüências.

A coragem do indivíduo para dirigir um carro numa cidade movimentada está na decisão de se habilitar e, posteriormente, assumir a direção do auto. Embora isto possa parecer banal, há pessoas sem tal coragem.

O simples fato de se reconhecer as virtudes alheias, de se elogiar alguém e de se desculpar frente a equívocos ou erros cometidos, requer coragem.

A pessoa que decide abandonar a sua zona de conforto, mudando-se da cidade onde nasceu para um estado ou pais diferente, é reconhecida como corajosa.

Aqueles que desenvolvem atividades profissionais de risco, embora devidamente qualificados e paramentados – policiais, bombeiros, mergulhadores, pilotos de avião, comandantes de navios, pára-quedistas, mantenedores de rede elétrica de alta tensão, operários de edifícios e repórteres de guerra – demonstram coragem.

O astronauta, mesmo tendo recebido o mais demorado e minucioso treinamento, é considerado como detentor de muita coragem.

A pessoa que se descobre homossexual e decide, a partir de determinada ocasião, manifestar-se publicamente, sabe o quanto o enfrentamento do preconceito familiar, profissional e social é inevitável, por isso, haja coragem.

A realização de ideais sociais implica na contrariedade de interesses dos dominantes, gerando grandes conflitos e atos de violência, portanto, impossível sem boa dose de coragem.

A Holosofia entende a coragem como um atributo necessário à construção positivista, assim sendo, desconhece como coragem a disposição perversa de alguém a praticar o mal, a si ou a outrem. Logo, o suicida e o homicida não existem pela coragem, mas pela patologia.

Na ausência da coragem, instala-se o medo. Este tem a capacidade de imobilizar, de engessar as pessoas, tornando-as reféns da inveja, das lamúrias e das reclamações, portanto, infelizes.

Façamos, pois, da coragem uma companheira imprescindível às nossas realizações.

Sebastião Saraiva

Médico e Holósofo

Site: www.holosofia.com.br