Holocoluna – 0039

39 – III Capítulo: “CONVULSÃO”

Publicado em 10/03/2007

 

A prática pediátrica ao longo de quase 34 anos faz com que o profissional se convença da importância de repassar às mães o mínimo de informações possíveis para proteger a criança contra repercussões indesejadas de algumas doenças, mas sempre com o objetivo de ajudar, jamais de alarmar ou promover preocupação exacerbada aos familiares. A isto chamamos de “democratização do conhecimento científico”.

A convulsão se caracteriza principalmente por movimentos involuntários generalizados ou limitados a uma parte do corpo, perda da consciência, rigidez muscular.

Para você, caro(a) leitor(a), entender melhor vale detalhar as três ocorrências acima. Movimentos involuntários generalizados ou limitados a uma parte do corpo se traduzem por tremores, podendo atingir os membros superiores e inferiores e ainda os olhos (revirando os olhos), ou apenas um dos braços ou um pé, ou mesmo um único dedo polegar da mão direita ou esquerda. Mesmo que você tente segurar para impedir os movimentos dessas partes não é possível.

A perda da consciência a mãe ou a acompanhante percebe e relata que a criança ficou parada, “apaga” ou “desligada”.

A rigidez muscular atinge a área afetada, chamando a atenção pelo seu endurecimento ou estiramento, especialmente, do pescoço ou dos membros.

Em algumas situações, observam-se secreções salivares aumentadas (baba), relaxamento esfincteriano (a criança faz xixi ou cocô), cianose (criança roxa) ou palidez.

A convulsão acomete mais as crianças nos seus primeiros dois e quatro anos de idade.

As causas são variadas. No recém-nascido – menos de 30 dias de vida –, principalmente nas primeiras horas, a convulsão pode estar ligada ao sofrimento fetal, quando o bebê nasce banhado de mecônio (água esverdeada) e com dificuldade respiratória, independente de um fator etiológico (razão específica). Mas também pode ocorrer pela hipoglicemia (açúcar baixo no sangue), em filhos de diabéticas; pela alimentação precoce com leite de vaca; e ainda pelos germes capazes de provocar meningite e convulsão. Vale lembrar que os recém-nascidos apresentam movimentos musculares normalmente exagerados, sem ser convulsão, especialmente quando se espantam. Portanto, cuidado para evitar alarme falso.

Depois deste período a convulsão febril é a mais freqüente. As células do cérebro da criança não suportam bem a elevação rápida da temperatura corporal.

Aqui vai uma sugestão prática para você: quando estiver diante de uma criança febril, cuja temperatura esteja acima de 37,8ºC, dê uma dose de Dipirona (uma gota por quilo), e banho até baixar a febre, aí então leve ao médico. Esta prática evita que a febre venha aumentar enquanto você se encaminha ao doutor, e a criança entre em convulsão neste ínterim.

Diante do acima exposto torna-se importante ressaltar dois pontos:

Primeiro, onde houver criança que haja um termômetro e uma pessoa capaz de medir a sua temperatura (peça ao seu médico para lhe ensinar).

Segundo, em caso de suspeita de convulsão, preste atenção ao fato para explicar corretamente ao pediatra o que aconteceu. Ele saberá cuidar adequadamente da criança, e lhe orientará como proceder a partir de então. Confie no seu médico!

Sebastião Saraiva

Médico e Holósofo