Holocoluna – 0037

(uma coleção em capítulo “Cuidando do Meu Filho”).

37 – I CAPÍTULO: AMAMENTAÇÃO

Publicado em 17/02/2007

 

Durante a vida intrauterina o feto se alimenta dos nutrientes contidos no sangue da mãe, que são transportados através do cordão umbilical, a partir da placenta.

Após o nascimento, já na sala de parto, o bebê passa a se alimentar do leite materno.

Eis aí uma maravilha da natureza, uma providência divina. Aquele sangue vermelho que garantia a vida, agora é substituído por um “sangue” branco com a mesma finalidade.

Inicialmente, é importante frisar que o intestino do recém-nascido é estéril, isto é, sem as bactérias que formam a flora intestinal.

A alimentação exclusiva com o leite materno coloniza o intestino fundamentalmente com baterias chamadas bifidobactérias, as quais conferem ao bebê grande resistência às infecções, diferente do que acontece quando se oferece o leite artificial (vaca, em saquinho, em caixa ou em lata, em pó), que produz uma flora intestinal à base de colibacilos.

Por isso, Morquio (1867-1935) dizia: O bebê alimentado ao seio raramente adoece e quase nunca morre.

Obviamente, alimentar o feto com o próprio sangue é uma imposição da natureza, independe da vontade da mãe, mas amamentar é sua opção, portanto, uma prática sujeita a vários fatores – educação, tradição familiar, influência social e orientação médica –, excetuando-se os impedimentos por questão de saúde da mãe e/ou pelo uso de alguns medicamentos.

Neste particular o obstetra – ao longo do pré-natal –, e o pediatra – nas consultas de rotina – têm um papel decisivo na amamentação.

Toda gestante, por força hormonal, é preparada para produzir leite. O leite materno é plenamente rico dos nutrientes necessários ao bom desenvolvimento do bebê, dispensando complementação nos seus primeiros seis meses de vida.

Assim, as informações equivocadas adquiridas pela mãe precisam ser substituídas por conhecimento científico oferecido pelo médico, especialmente em relação à capacidade do leite suprir às necessidades nutricionais e emocionais da criança e proporcionar a saúde das mamas da mãe.

É comum a mãe solicitar leite complementar ao pediatra, alegando que o seu leite não sustenta, é pouco, é fraco, e que o bebê chora com fome.

Neste instante, o médico informa que o leite materno, por ser um leite do animal da mesma espécie, apresenta excelente digestibilidade, esvaziando o estômago rapidamente, portanto, exigindo uma nova mamada; o leite artificial (vaca), próprio para alimentar um animal maior (bezerro), é muito indigesto para a criança, permanecendo por mais tempo no estômago e dando a falsa noção de saciar a sua fome.

A atenção do médico e esta explicação deixam a mãe segura, confiante e tranqüila, fazendo com que haja aumento do leite por conta da maior freqüência das mamadas.

Sob o aspecto psicológico, a amamentação representa a aceitação do filho e a oferta de mamadeira a sua rejeição.

Logo, é fácil compreender o desdobramento positivo da amamentação. O bebê recebe uma carga de afeto a ser utilizada ao longo da sua vida adulta.

Enfim, a amamentação se constitui num ato sublime de compreensão da natureza e amor.

Sebastião Saraiva

Médico e Holósofo